Lançamento do livro "A centralidade de Abrantes e os portos fluviais do Tejo" de Jorge Gaspar
Apresentação do livro A centralidade de Abrantes e os portos fluviais do Tejo, com o autor Jorge Gaspar e apresentação por Francisco LopesNa senda de Orlando Ribeiro, Jorge Gaspar é nome maior entre os geógrafos portugueses. Em 1970 publicara na Finisterra, revista geográfica de projeção internacional, Os portos fluviais do Tejo. Numa visão da geografia humana em que geografia e história são indesligáveis - à luz de Torsten Hägerstrand, conhecido quando estudante em Lund (Suécia) - espaço e tempo são base de análise das dinâmicas de transportes, economia e até ecologia regional. Enquadra Abrantes à luz da teoria do lugar central, como em Walter Christaller, outro dos mestres de Lund, vendo as cidades de uma região como unidades geográfico-económicas não inseridas em simples hierarquias de influência, mas como integrando sistemas complexos. | Na intertextualidade dos dois trabalhos se compreende a génese e morfologia de povoações ribeirinhas como Abrantes e particularmente o Rossio, em função da atividade portuária, assim como as razões para a instalação de indústrias como serrações, fábricas de cortiça, cal, grandes armazéns grossistas de bebidas e produtos alimentares, fábricas de massas alimentÃcias, adubos, metalurgia, grandes embaladores de azeite, entre outras. Clarifica também o papel multisecular de Abrantes como centro exportador de bens agroflorestais, das regiões envolventes para as localidades ribeirinhas a jusante e principalmente Lisboa, de onde simultaneamente importava sal (indispensável à conservação de alimentos) e produtos manufaturados, funcionando como seu centro distribuidor para os mais recônditos lugares dessas regiões, através de almocreves que daqui irradiavam. A centralidade de Abrantes e os portos fluviais do Tejo reafirma a cidade, confluência de três regiões - em função do seu porto fluvial e localização junto à maior via de comunicação peninsular, que a tornaram num dos maiores centros grossistas do interior - no último ponto navegável a montante de Lisboa, todo o ano, no maior rio peninsular, como centralidade estratégica ao longo da história, centro gravitacional de uma zona que inclui Ribatejo Norte, Alto Alentejo e Beira Baixa. É também janela prospetiva para uma ideia de gestão do território, considerando aspetos socioeconómicos e culturais, que veja no Tejo o eixo em torno do qual se definiu Portugal, o que só por si justificaria candidatura a Património da Humanidade. Há o antes e o depois, o aquém e o além Tejo, e Abrantes é o lugar de confluência em que se define o caminho que leva à independência e morfologia de um dos paÃses mais antigos do mundo. Passados mais de cinquenta anos sobre a publicação do texto na Finisterra, com A centralidade de Abrantes e os portos fluviais do Tejo, Jorge Gaspar oferece mais um texto indispensável aos que queiram conhecer Abrantes e aos abrantinos que queiram conhecer-se a si próprios. Jorge Manuel Barbosa Gaspar [Lisboa, 1942]. Geógrafo e urbanista. Professor catedrático emérito da Universidade de Lisboa, IGOT. Foi assistente da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, professor catedrático convidado do Instituto Superior Técnico e das universidades de UmeÃ¥ e de Paris x. Doutorado pela UL (1972), pós-graduado pela Universidade de Lund, Suécia. Coordenou investigações e projetos aplicados em geografia, planeamento e urbanismo. Em 1986 fundou o Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano – CEDRU, onde continua a colaborar. Coordenador técnico do Programa Nacional da PolÃtica de Ordenamento do Território – PNPOT. Sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa, membro da Academia Europaea e Doutor Honoris Causa pelas Universidades de León, Genève e Évora, Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, Prémio Universidade de Lisboa, Prémio Internacional GeocrÃtica, Medalha de Honra, ouro, do MunicÃpio de Alvito, Medalha de Honra da Freguesia da Quinta do Conde, Medalha de Mérito CientÃfico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, fundador e presidente da direção de Estudos Gerais de Alvito – Associação para o Estudo dos Fenómenos de Globalização e Localização, sócio fundador da Associação Portuguesa de Geógrafos – APG, da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional – APDR, da Associação Portuguesa de Ciência PolÃtica – APCP e da Associação Portuguesa de Urbanistas – APU. Publicou uma vintena de livros e cerca de três centenas de artigos e opúsculos. Público: geral |