Pedro Gouveia e os Outros
As obras de arte transportam-me para lugares e momentos vividos e sonhados. Levam-me, da recordação ao desejo, a fazer apelo aos sentidos: foram dois mundos por mim vivenciados — dos trópicos ardentes africanos à europa temperada — às suas cores, aos aromas, aos sons e às palavras pronunciadas.Sou Pedro Rodrigues de São Bento Gouveia, 1954, natural de Angola, onde vivi 21 anos. Fui professor do 1º ciclo e do Ensino Especial. Desenvolvi o gosto pela pintura por influência da minha mãe (1912–1978).Na arte encontrei o impulso agregador que me fascina, uma companhia que me ensina e disciplina o meu Eu, enquanto pessoa inserida na diversidade cultural dos povos que conheci. É o reflexo de uma afectividade atenta ao estudo e à compreensão dos movimentos artísticos desenvolvidos pelo mundo fora, isto é, o culminar de uma viagem sobre o tempo e a memória. As obras de arte transportam-me para lugares e momentos vividos e sonhados. Levam-me, da recordação ao desejo, a fazer apelo aos sentidos: foram dois mundos por mim vivenciados — dos trópicos ardentes africanos à europa temperada — às suas cores, aos aromas, aos sons e às palavras pronunciadas. A diversidade cultural mostra-nos o mundo e fala de nós próprios — daquilo que fomos e do que seremos. É meu objectivo — propósito firmado — mostrar algumas obras que produzi e outras que fui adquirindo, ao longo destes 48 anos a viver de norte a sul de Portugal continental e Ilha da Madeira — muito por força da minha profissão. | Vesti a pele do pós 25 de Abril em constante movimento, em permanente aventura e observando as rápidas mutações das sociedades culturais — a nível nacional e internacional. Construí a minha personalidade adaptando-me a novos costumes e mentalidades — a reavaliar a presença de Portugal na Europa e o seu novo posicionamento político no Mundo das Nações — e muita coisa mudou! Pode dizer-se que, com esta exposição, me dou a conhecer, humildemente, na esfera da imaginação e da criação — nas lides das artes plásticas. As obras conviverão umas com as outras, lado a lado, serenamente, pois as considero como minhas filhas: são o fruto do meu desgaste e empenho, do meu olhar distraído e autêntico, despreocupado e intencional — serão o Pedro e os outros numa atitude integradora e sem preconceitos. “Um dia, em retrospetiva, os anos de luta irão parecer-te os mais belos.” — dizia Sigmund Freud, ou seja, nada se passa em vão: as estórias de vida dão vida às histórias da humanidade. Abrir as portas ao mundo da sobrevivência é compreender a notável adptação da inteligência humana em permanente conflito. Este foi o meu caso em confronto com as disposições da guerra colonial. Neste contexto a frase de Nietzsche o confirma: “A arte torna a vida suportável”. Em mim, há um espaço de sonho — de criação espontânea e não nostálgica — reflexo de um olhar atento por disposição íntima e evolução subjectiva. Há o surgimento de uma linguagem poética que se pode dizer testamentária, intimista, ou seja, o retrato deslumbrante da luz e da cor na sua justa dimensão e exuberância — aludem às minhas raízes africanas. Criar arte é tomar consciência deste mundo físico/social/cultural que, construindo mentalidades evolutivas nas sociedades, nela nos insere quase que mecanicamente. Tudo é mais belo na diversidade, pela responsabilidade assumida e no respeito pelo outro que nos completa e nos abriga. Pedro Gouveia |
NOW
Todas as datas
- De 2023-01-28 16:00 a 2023-05-27 16:00
Local
quARTel - Galeria de Arte de Abrantes
Telefone
241330100
E-mail
Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Powered by iCagenda