Exposição: Cerâmica XL

A talha como arquétipo: do tempo ancestral à  reinvenção no presente pelo coletivo Cerâmica XLO conjunto das obras apresentadas pelo grupo de artistas Cerâmicas XL situa-se nas fronteiras entre a cerâmica e a escultura, sendo comum a todos o sábio uso do barro e a reapropriação da forma das talhas.As talhas são utensÃlios ancestrais que acompanham a humanidade nos seus gestos e costumes desde o VI milénio a.C. Aliás, as ânforas e as talhas foram introduzidas na penÃnsula pelos fenÃcios, os gregos e posteriormente os romanos. Tratando-se de grandes potes de barro, as talhas estão naturalmente associadas à produção de um vinho, o vinho da talha, sobretudo na região do Alentejo, embora tenham servido outrora para guardar azeite e outros alimentos. As talhas em barro fazem ainda hoje parte da nossa cultura e património; existem oleiros que continuam a produzir estes objetos, e que, de forma resistente, não permitem o desaparecimento desta tradição. Coadjuvando este sentido, o projeto artÃstico deste grupo, onde está envolvido um oleiro, é um sinal de revitalização da tradição, através de um reposicionamento da talha como forma-arquétipo. | Carlos Ribeiro, Diogo Rosa, Elsa Gonçalves, Fernando Sarmento, Heitor Figueiredo, Izilda Gallo, Maya Kempe, Sandra Borges, Stefania Barale e VirgÃnia Fróis produziram peças na Cerâmica da Asseiceira utilizando engobes, ou outros materiais e objetos, como arames, fio, madeira, cana e fibras vegetais, copo de vidro e livro, propondo a reformulação da talha tradicional numa peça com valor artesanal e artÃstico, ou seja, fundindo estas duas dimensões numa só. Esta vontade de jogo formal e onÃrico tomando como ponto de partida a talha em barro varia profundamente entre os artistas, indo buscar fecundidade ao imaginário de cada um, de acordo com a sua linha de trabalho e de investigação. Podemos afirmar que o conjunto de artistas utiliza a talha em barro e a sua forma transformando-a e ligando-a a costumes e tradições, como o brincar com um ioiô (VirgÃnia Fróis), remeter aos tabuleiros das festas de Tomar (Stefania Barale), ou apenas recriá-la criando uma figura feminina (Maya Kemp), ou um sempre-em-pé (Diogo Rosa). Outros evocam na construção e desconstrução da forma matricial da talha referências aos elementos naturais (Fernando Sarmento, Sandra Borges, Izilda Gallo). Encontramos ainda propostas de reinterpretação para a forma original da talha com base na plasticidade, no desenvolver de uma ideia, de um pensamento, ou mesmo um método (Carlos Ribeiro, Elsa Gonçalves), por vezes redimensionando a prática atual à luz de procedimentos neodadaÃstas (Heitor). Acresce ainda a este conjunto de artistas e obras o interessante núcleo de fotografias de Filipa Scarpa, que, quais naturezas mortas, trazem até nós o ambiente do atelier, da oficina onde o barro se transforma em talha e objeto artÃstico. De notar ainda a participação do oleiro José Miguel Figueiredo com a sua reprodução de talhas de azeite, contribuindo para que estas não sejam apenas memória, mas continuem a ser vida. Originalmente publicado em Cerâmica XL (catálogo de exposição), Convento de Cristo de Tomar, ed. MunicÃpio de Tomar, 2025 Cristina Azevedo Tavares Colares, agosto de 2025 |
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Todas as datas
- De 2025-12-06 17:00 a 2026-03-29 17:30
Local
Museu Ibérico de Arqueologia e Arte
Telefone
241330100
E-mail
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